A vida não vai tão mal
Ora, vejam que legal
Zito Righi e sua banda
Indo-se à Alucinolândia
Para levá-los ao bom-alucino-rock-bom
Nas delícias do seu som!
Subindo, descendo o morro cadente
Portando-se o máximo, o mais atraente
Lá vai o malandro, o dono do mundo!
Se pensam que é fácil levar essa vida
Enganam-se, caros, posição atrevida
É demais o cansaço, terrível e duro
Jogar o baralho, jogar capoeira
Fazer samba à toa, beber noite inteira!
Que vida mais besta, que coisa mais linda
Ser bamba no morro, ser sambista de fato
Dizer: "nunca corro, me matam ou mato!"
Ter uma mulata por inspiração
Pra fazer mais amor e ouvir seu violão!
Ô vida difícil, ó vida cansada
Mas mudar de vida que nada que nada!
Mas chega um dia, na maior delícia
Ninguém no desdenho protege a polícia
É que ficou louco o mundo, a cidade
A gula, a luxúria e a vaidade
Chegou carnaval, chegou carnaval!
Ninguém quer ninguém, todos querem tudo
Aqui tudo vale qualquer absurdo
E é nesse dia, assaz, diferente
Que o malandro é mais homem no meio da gente!
Nas mãos bater nunca, sapateia nas palmas
Ao lado das negras é o taco do alto
Samba, malandro, e samba mulata
Mostrem mais um sentido da vida ingrata!
Depois com o crioulo, depois a mulata
Botando um amor depois dessa data
Lá de cima, feliz, contemplando a cidade
Ficou sem favor!
Escrevemos samba no asfalto selvagem
Escrevemos samba no asfalto selvagem
Escrevemos samba no asfalto selvagem
Escrevemos samba no asfalto selvagem
Escrevemos samba no asfalto selvagem!