Não é dourado, grumatã nem surubi
O rio é baixo, não precisa de canoa
Ele só quer um pequeno lambari
Que vê prateando sob os pingos da garoa
Cada galho para ti é um pesqueiro
Para mim, cada pesqueiro é um sofrimento
Com sol e chuva e o vento frio do pampeiro
Noite e dia levantando acampamento
(Todos te chamam de Martim Pescador)
(Quando mergulhas afogando tua mágoa)
(Porque tu pescas todo dia por aí)
(E o teu trabalho é só botar o peito n'água)
Bicho-homem não pesca de peito aberto
E pega o peixe numa luta desigual
Mas não te assustas, companheiro, longe é perto
Para quem vai buscar o pão ao natural
Ah, se eu tivesse outro ramo de negócio
E que não fosse de explorar a natureza
Não estaria te roubando, velho sócio
Pra mim é isca o que é pão pra tua mesa
(Todos te chamam de Martim Pescador)
(Quando mergulhas afogando tua mágoa)
(Porque tu pescas todo dia por aí)
(E o teu trabalho é só botar o peito n'água)