Filho do axé, de Daomé, Angola
Na travessia tenebrosa nos porões
Do mar eu trago a resistência quilombola
Eu sou malungo dessa gente mandingueira
Vem opressão e toma lá, rabo de arraia
Ginga na roda minha alma brasileira
Sobe poeira hoje caio na gandaia
Tiramos a mordaça de Anastácia
Pra ecoar a voz da raça
São bento chama, tem capoeira
Vila vintém não é de marcar bobeira
Do Valongo ao gantois, vai roncar
O tambor de barravento, camará
Tem ladainha sinhô, clareia!
Abre a senzala é noite de Lua cheia
Ó mãe nossos katinguelês
Tem no sangue os malês
Guerreiros da esperança
Valeu, zumbi! A luta continua o povo tá de pé
O samba de Ciata, negra luz quelé
O canto da favela tá na rua
Ginga, legado, aliança pra igualdade
Preconceito é coisa de covarde
Liberdade!
No jogo da vida eu sou capoeira
Sou Padre Miguel, não levo rasteira
No meu terreiro fala alto o berimbau
Há resistência nesse mundo desigual