A porteira escangalhada
No mais tristonho abandono
Um cusco Baio Coleira
Grunhindo a falta do dono
O gado Pampa berrando
Lá na invernada do fundo
Mas que tristeza, meu Deus
Neste pedaço de mundo
Um dia, quando eu me fui
Era tudo diferente
O pai, a mãe, os irmãos
O rancho cheio de gente
O jardinzinho campeiro
Com rosas e margaridas
Este lugar tinha tudo
E, acima de tudo, vida
Quando um gaúcho
Troca o campo pela cidade
Nem mesmo o tempo
Apaga o rastro da saudade
A paz que tanto campeia
Dentro de si, bem no fundo
Só encontra estando de volta
Neste pedaço de mundo
Uma tristeza taluda
Sulcou em mim o seu rastro
A sede de tantas coisas
Deixei entre o céu e o pasto
O entono de monarca
Murchou nas léguas da estrada
E, pra me encontrar, só voltando
Pra minha antiga morada
Vou comprar um cavalo bueno
E voltar pra lá qualquer dia
Bombear a pampa do arreio
As várzeas e pradarias
Beber água nas cacimbas
Na concha das duas mãos
Pra matar a sede que eu tenho
Deste pedaço de chão
Quando um gaúcho
Troca o campo pela cidade
Nem mesmo o tempo
Apaga o rastro da saudade
A paz que tanto campeia
Dentro de si, bem no fundo
Só encontra estando de volta
Neste pedaço de mundo
Quando um gaúcho
Troca o campo pela cidade
Nem mesmo o tempo
Apaga o rastro da saudade
A paz que tanto campeia
Dentro de si, bem no fundo
Só encontra estando de volta
Neste pedaço de mundo