Walther Morais Walther Morais - Milonga do Meu Rosilho

Meu rosilho se resolve
Topar parada comigo
Não tem quem diga pra ele
Que nós dois semo amigo

Vem da invernada rachando
Num estadão que é uma tronqueira
E passa a noite escarceando
Pra adelgaçar na mangueira

De manhã, quando me aprumo
Não tem forma, nem costeio
Nem um canto da mangueira
Pra chegar e botar o freio

Erra o coice o meu rosilho
Murcha a orelha e sai pros lados
Só porque passou uns dias
Pastando com os aporreados

Parece que não conhece
O fio e a força da espora
Ou não se lembra direito
Dos mangaços campo afora

Dos arreios bem cinchados
Bocal, maneia e rendilha
De quando quis corcovear
Depois da primeira encilha

Se topou mal meu rosilho
Que eu também tenho meus dias
Quando eu durmo destapado
E a noite implica em ser fria

Porque eu não sou muito manso
E se me acordo do avesso
Não te tiro pra compadre
E tu me paga este preço

Não sei porque o reboliço
Na mangueira se negando
Pra depois sair que é um gato
Pelo potreiro tranqueando

Crioulo de marca e sangue
Que me veio por regalo
Da Estância da Guajuvira
- Mil Gracias pelo cavalo