Quando eu lembro dum fandando no meu pago
Sinto no peito que o coração se arrepia
Num bate-coxa entreverado na poeira
Batendo casco se vão ao clarear do dia
E o gaiteiro com os olhos meio de louco
Vai atracando tudo junto acolherado
E a sala véia que nem bicheira de guampa
Fica fervendo e o povo dança apertado
E uma criunda retaca cintura fica
Me dá uma olhada bombeando de revesgueio
Eu atropelo que nem jacaré no bote
E já saímo se abaralhando no freio
Saio apertando bem sobre o osso do peito
Só escuto não me negando o seu amor
E eu por longe vou sempre pastorejando
Sempre ajeitando como quem faz fiador
De madrugada uma China dá um carão
E um índio maula mete as patas e se boleia
Arranca um trinta abrindo furos na quincha
Deixando rombo nos lugar que não goteia
Quebrando banco, outros cruzando a janela
La no palanque o bagual frouxa os arreios
E lá por dentro num redemunho de terra
Fica um candieiro só se guasqueando no meio
Meio apertado brigando contra a parede
Olho pra porta, só vejo saltar faísca
E uma adaga ponta fina e cortadeira
Se vem tinindo e quase que me belisca
Salto pra fora tirando golpes de mango
Tastaviando quebrano galhos de flor
Chapéu tapeado e a minha espora cantando
Saio me atando nos flécos do tirador
Dentro do rancho eu só escuto oo alarido
Lá no terreiro só se ouve o pau comendo
De vez enquando atiro o pala pras costa
Meio oitavado tenteio me defendendo
E um touro bravo escarva no pedregulho
E um par de espora roseteando no capim
E lá num canto a piazava se goéla aberta
Ninguém se acerta e o baile chega ao fim