Sou do lombo do cavalo
E ademais, pouco me importa
A fala do guampa torta
E o grito da Jacutinga
Que foi cantar na restinga
Pra não haver a hora morta
Agarro o touro da aspa
E o bagual pela cernelha
Não tranço couro de ovelha
Se até com vento arrebenta
Salta faísca das venta
E fumaça pelas orelha
O corisco, eu conheci
Muito antes dessa era
E o desengano da fera
Tirei de mango a chilena
E até hoje a cantilena
O meu sentido tempera
Queixo roxo, minha cruza
Marca de bronze no couro
Vertente do bebedouro
Cocho de sal e rodeio
No cinchador do arreio
Mangueira e cova de touro
Cavalo que eu arrocino
Sento o basto e quebro o cacho
Muito mais tigre me acho
Esbarra ou passa por cima
E até pro rancho da China
Carrega a estampa de macho
Pelo lado de montar
Só canhoto atira o laço
Hay o tombo e o mangaço
Pra quem vem pelas caronas
Atado nas rocilhonas
De pala enleado no braço
Em noite de Lua clara
Me agrada espichar um bagual
Pra isso, tem um ritual
Do qual eu não abro mão
De atropelar o redomão
E há de ser certo e pontual
Queixo roxo, minha cruza
Dá picumã no galpão
Lavareda dos tição
Cravador, tento e retovo
Pra forja do índio novo
Se eternizar neste chão
Duma papada de touro
Me rebusco de maneia
Que apesar de cosa feia
Não é de se arrebentar
E o bocal de tamanduá
Que o domador apreceia
De a cavalo me parece
Que campereio no céu
E se tapeio o chapéu
As vezes pra desatar o laço
A certeza do meu braço
Tá na armada do sovéu
Entonce a minha chilena
Roçando nos alecrim
Meus Deus do céu tá em mim
A manha de ofícios outros
A liberdade dos potros
É a estrada que não tem fim
Queixo roxo, minha cruza
Com sinal de palmatória
Catre e cavalo da história
Onde deságua a vertente
Berçário da nova gente
Que inda' te canta com glória