Walter Moraes Walter Moraes - Depois da Tropa Estendida

A tarde ficou pesada
Todo o céu se arqueou de chumbo
Um raio rasgou o silêncio
Mandando água pra o mundo

Os pingos caíam forte
Encharcado a ossamenta
E o santa-fé assoviava
Se encolhendo na tormenta

Vinha um sinuelo assoleado
Babando na tarde escura
E os fio iam se sumindo
Na imensidão da lonjura

A grito e a encontro de cavalo
Nós repontava a boiada
Que se embolava sestrosa
Cheirando a terra molhada
Que se embolava sestrosa
Cheirando a terra molhada

É mango, é berro e espora
No meio da chuvarada
Só se conhece um campeiro
Quando a vida não vale nada

É mango, é berro e espora
No meio da chuvarada
Só se conhece um campeiro
Quando a vida não vale nada

Um salino aspa de chaira
Deu um bufido e se veio
Eu atraquei meu cavalo
E quase atorei no meio

Um boi osco fez a ponta
Levando junto uma novilha
E a cachorrada saiu
Atropelando na coxilha

Depois da tropa estendida
Que nem carreira em domingo
A indiada se boleou n’água
Pra aliviar o lombo dos pingos

Foram sumindo na estrada
Do outro lado do rio
O rastro, a água apagou
E a tropa, o tempo engoliu
O rastro, a água apagou
E a tropa, o tempo engoliu

É mango, é berro e espora
No meio da chuvarada
Só se conhece um campeiro
Quando a vida não vale nada

É mango, é berro e espora no meio da chuvarada
Só se conhece um campeiro quando a vida não vale nada
Só se conhece um campeiro quando a vida não vale nada
Só se conhece um campeiro quando a vida não vale nada

Êra boi, êra boi