Flores, dores
Nos Açores, d’além-mar
Frio, muito frio
É o que se tem no fundo do mar
Alma, curiosa alma
Que se atreve para se encontrar
Vida, fervilhante
Mais que vida, onde quer que se vá
Linda, mais que tudo
É a amada que encontrarei
Ela, pintora
Fará uma tela em que serei rei
Serei?
Ferida aberta no peito
Na nuca, na coxa, onde puder
O amor não é perfeito
Nem mesmo quando se quer
Mas sofrer é da vida
Caminho de algo que como túnel é
Anda para frente
Pisa tudo, vê se tira a ré
Cinzas ficam para trás
Mas o que se aprende não se esquece mais
Vivemos em um picadeiro
Que nem Trocadero
E nenhum trocadilho vai nos salvar
E por que não?
Flores, frio, ferida, amor