Santão e Marcondinho Santão e Marcondinho - Adeus Pai João

Um velho carro de boi
No terreiro abandonado
É lembrança do passado
Do tempo da escravidão

Suas cangas já quebradas
Apodrecendo no chão
Retrato admirado
Pela nova geração

Há quase noventa anos
Que você vive encostado
Morreu o velho carreiro
Deixando tudo abalado

Reside no campo santo
O rei de todos os carreiros
Só resta eu desta data
Que fui o seu candeeiro

Do chifre do boi Brioso
Que puxava o carretão
Mandei fazer um berrante
Guardei por recordação

Num concurso berranteiro
No qual eu fui campeão
Com o dinheiro que ganhei
Fiz a campa do Pai João

Deixei seu nome gravado
Com a ponta do ferrão
Aqui dorme para sempre
Meu mestre de profissão

Rezei três Ave-Maria
Pedi sua proteção
Disse adeus ao preto velho
O saudoso Pai João