Corta pra mim, deixa que eu faço
Na manha de quem já conhece o terreno
Deu mole eu marco fácil e foda-se
São mais de vinte anos nessa porra cumpadi
Cê pode até não gostar de mim
Mas sei que respeita minhas verdades
Vivência é aprender que as linhas
Que a gente escreve são como as pessoas
Nem sempre chapa, qualquer uma serve
Já tenho, umas rima, uma batida
Meu som não toca na rádio, mas sei que toca na sua vida
Na palma da mão quem manda, lajes são varandas
Toca o tambor, que os menó faz ciranda
O ritmo é doido, doidão te embalam
Debaixo dos meus pés as folhas no quintal estalam
Né só ter os contatos, é o tato, é o coração é
Terra onde ninguém pisa é cheio de cacto
E vendo pra onde vão no desvão, é fato
Que vão cair no buraco da tentação os fracos
Um dia eu tava mal, minha chamou
E disse pra eu não por consolo nos conselhos
E que eu me assemelho aos poucos guerreiros que vão nessa fé
Na fé de Abraão
Alvorada, vem
Um dia mais feliz, sentindo as nuanças da matiz, me senti raiz
Vendo as crias eu vi que sou raiz, minha força é motriz
Antes de falar de mim vê legal o que diz aí, bom
Função faz adoção
Os menó que vi nascer de tanto perder nessa vida já tão na endolação
A informação é o suicídio, diário
É foda ver minha mãe depois de tanto tempo trabalhar pra caralho
E eu tô lá, em casa, pensando, seis da tarde
Meu filho chega da escola, não diz nada, só chora, me abraça
Como se carregasse o peso do mundo
Cara, eu te entendo
Me dá seu mundo, que eu aguento
Olha pra mim filho, cê sabe que o pai te entende
As vezes não sei o que pensa, mas eu sinto o que o que você sente
Eu quero que saiba que tô do seu lado
E sempre que o medo bater de frente contigo, conta comigo, filho
Te dou minha coragem
Se não fosse pela família, os cria, os irmão, as mina
Qual o sentido de ter o mic na mão
Essa é pros correria, pros preto
Pras vida abrindo o mar igual Moisés e atravessando de bondão
É entender a responsa de quem tem o mic
Queremos ganhar o mundo e eles ganhar like
E tamo dominando tudo e isso é irreversível
Só existo pra te provar que nada é impossível, ei
O quanto tu aguenta na luta é o que difere
O orgulho dos manos
Não se venderam e compram o que querem
Hoje esperam nosso som igual a comida na mesa
Desejada igual verão quando inverno chega
Eu a habilidade das esquinas, a genialidade das esquinas
Tenho agilidade nas esquivas
Porque assim como o vento, forte ou fraco eu continuo a ser vento
Bem ou mal eu continuo um exemplo
Fé