Rafael Tinguinha Rafael Tinguinha - Cores do Axé

Quando nada existia
Uma tela vazia
No infinito do criador
Olodumarê traçou a vida
Numa aquarela multicor
Axé abrindo todos os caminhos
O papel, a tinta encontrou
Habita o tronco e a raiz
Sem folha não há orixá
No verde da mata é Oxossi
A dona do ouro é Oxum
Iemanjá, rainha dessa imensidão azul

E no risco do obá, a arte em movimento
Chão de terreiro é pra plantar Assentamento

Firma ponto, candongueiro
Deixa a gira girar
Abre a roda que o ilu toca a revolução
A semente germinou nas ladeiras
Nos batuques e em cada barracão

Ê, laroyê! Ê, Bahia
De todos os santos, de todas as cores
Cortejos em cantos de tantos andores

Inaê, odoyá
Na fé dos barqueiros
Tem flores no mar, dia dois de fevereiro

No tabuleiro tem dendê, acarajé
Tem batuque, tem axé na sinfonia imperial
Nessa avenida, a mais linda pintura
Leva a assinatura de um artista genial

Kaô
Cabecile, kaô
Kaô
Oba nixé, kaô
Chegou meu império no toque do tambor
No axé das cores do obá de Xangô