Tive um potro junto ao peito
Que amanunciaste com jeito
Querendo vê-lo sujeito
Com os feitiços de um olhar
Toda a força foi sumindo
Frente aos carinhos bem-vindos
Que, ao te ver sempre sorrindo
Teve então que cabrestear
Sentindo a doma dos dias
Foi perdendo a rebeldia
Que nem mais coscas sentia
Do teu jeito maneador
E depois do queixo atado
Todo o sestro foi quebrado
Tão lindo vê-lo cinchado
Com as garras do teu amor
Sentiu bocal e rendilhas
Mas quando alçaste forquilha
Mal tentou sacar da encilha
Este encanto que há em ti
Foi quando eu senti o golpe
Vão ser dois ou três galopes
Duvido que não se tope
E se amanse logo ali!
Nada engana minha crença
Fugindo à ideia pretensa
Mas foi quase uma sentença
O que outrora pronunciei
Daquele jeito assustado
Nenhum ressabio guardado
Fica um potro num passado
De um pingo mais que de lei
Tão fácil te foi domá-lo
Foi quase como um regalo
Por isso pra não deixá-lo
Te pede a minha razão
Pois tinha um potro em meu peito
Que amanunciaste com jeito
Que anda bem mais que sujeito
Quase de rédeas no chão!