Arrancaram da raiz, sonhos roubados
Trabalharam, sangraram, morreram
Para construir
A capital do país, repete o passado
Escravizam, satélite, entorno
Nordeste daqui
Não tem jeito, mensalão, corrupção, ganância por dinheiro
Realidade atual, famoso jeitinho brasileiro
Dinheiro na meia, na cueca, na TV mostrava sempre
Vergonhoso jeitinho brasiliense
País com igualdade, propaganda da emissora
Pra quem vigia carro no sol não tem azul claro da garoupa
Tá mudando pra melhor, maldita frase
A mudança é rápida igual o trânsito do plano no final da tarde
Terceira idade, que mais sangrou pra construção da cidade
Méritos pra JK, lembranças? Só o nome na lápide
Pra geração nova, o Nicolândia pouco importa
O passaporte da alegria: vender a jujuba e a paçoca
A ação do porco engravatado não tem divulgação
Universidades federais em greve que não passa na televisão
Criminalização da pobreza e extermínio da juventude
Médico virou governador e não investiu na saúde
Manhã de sábado, dia ensolarado (vai vendo)
Criança brinca no quintal: aterro sanitário
A matéria prima de trabalho é o corpo da garota
A única refeição, a Combi da igreja que entrega a sopa
Pra quem não quer ver, essa é a capital da esperança
O melhor caminho do governador é o campo da esperança
E quem falou que é a última que morre tá se enganando
Morreu de aborto, não nasceu no coração do candango
Arrancaram da raiz, sonhos roubados
Trabalharam, sangraram, morreram
Para construir
A capital do país, repete o passado
Escravizam, satélite, entorno
Nordeste daqui
Pro parlamentar que humilha empregada, execução na esplanada
Amarre e amordaça pra nadar no espelho d’água
Sem tela de plasma, aí pertinho da tua casa
Anjos do Sol e The Walking Dead ao vivo na rodoviária
Fotografa, nordeste! Rosto com ruga morando na rua
A história se perde! Sem exposição no museu da república
Lembrança, manchete! Com a arquitetura cavou sepultura
Esquecido, sem INSS! Na sepultura pela arquitetura
Vida dura, herança deixada pelo pau-de-arara
Sem saneamento, é especialista, equilibrista de balde d’água
Caiu do 9º andar frete pra despacho
Coveiro aqui foi técnico em segurança do trabalho
Quantos 50 tramparam, pra 5 poder usufruir
Quantos 50 choraram, pra 5 poder sorrir
Quantos 50 morreram, pra 5 chegar no final
Quantos 50 lutaram, pra 1 ter o memorial
No tribunal da rua culpado, exemplo pra todo mundo ver
Bungee jumping sem corda de rico, da torre de TV
E o sonho marginal, em subtrair o banco central
Não vai ser manifestação de boy em horário comercial
No cerrado minado, quem não morreu amputou membro
21 de abril aqui é 02 de novembro
E não adianta quebrar o cofre, usar o cheque especial da conta
Brasília é só um avião, sem classe econômica
Arrancaram da raiz, sonhos roubados
Trabalharam, sangraram, morreram
Para construir
A capital do país, repete o passado
Escravizam, satélite, entorno
Nordeste daqui
Arrancaram da raiz, sonhos roubados
Trabalharam, sangraram, morreram
Para construir
A capital do país, repete o passado
Escravizam, satélite, entorno
Nordeste daqui