São quase dois mil anos
De silêncio e solidão
Na pia do batismo
Corre ainda o rio Jordão
João já foi poeta
O grande amor de Salomé
Agora é feriado
De fogueira e buscapé
Corre, João, apanha seu violão
Enfrenta essa multidão
Não deixa ninguém morrer pagão
Deus do céu, o mundo é um carrossel
É inútil você parar
Se a vida não para de rodar
No meio da poeira
Desses séculos em vão
Ficou pelos caminhos
A figura de João
E a sua voz ressoa
Nas imensas catedrais
Seu povo ainda espera
As profecias imortais
Me diga, qual o rio
Onde anda agora o pescador?
Que um dia, por você
Foi batizado de Senhor
Que eu tenho mil pecados
Que não são originais
Amargas ilusões
Que não se esquecem nunca mais
Corre, João, apanha seu violão
Enfrenta essa multidão
Não deixa ninguém morrer pagão
Deus do céu, o mundo é um carrossel
É inútil você parar
Se a vida não para de rodar
João, um certo dia
Foi jogado na prisão
Perdeu-se a liberdade
Mas o pensamento, não
Retorna, meu amigo
Vem mostrar aos fariseus
Na ponta do chicote
A mão pesada do seu Deus
Corre, João, apanha seu violão
Enfrenta essa multidão
Não deixa ninguém morrer pagão
Deus do céu, o mundo é um carrossel
É inútil você parar
Se a vida não para de rodar