O homem bateu em minha porta, e eu abri
Senhoras e senhores alertaram desse ser
Seu chapéu cobria os seus olhos fundos
Seu jeito esquisito era estranho de olhar
Parecia que tinha ratos mortos no bolso
Seu cheiro de carniça era impossível inalar
Nem pé, nem cabeça, traje elegante, um pouco louco
Sua voz me convenceu a convidá-lo a entrar
Tinha lábia e fome, sabia dialogar
Mas não disse seu nome, parecia familiar
Eu vi seus olhos sorte, com toque mínimo de azar
E um pouco de morte, trazendo de outro lugar
O homem bateu em minha porta e eu abri
Sentou com cheiro de inferno nesse meu sofá
Dizia ter o mundo, e nele, minha casa
E com seus dedos mágicos veio a pincelar
Tudo que apontava, dançava conforme o frevo
Escadas no teto, eu tombei nesse enfermo
Escutei a vovó, mesmo partindo faz tempo
Vômitos de sangue, acho que engoli um prego
Acho que engoli um prego
Acho que engoli um prego
Acho que engo—
Olhos do abismo, diga quem és
Pois se tu for trevas, eu cruzo os dedos
Isso não tem graça, volte pro inferno
Deixe minha casa, maldito treco
O homem bateu em minha porta e eu abri
Senhoras e senhores alertaram desse ser
Seu cheiro de merda tomava a minha sala
Seu jeito esquisito era estranho de encarar
Parecia que tinha o inferno no corpo
Olhava a minha sala e resmungava sem parar
Dizia ser Deus, mais, Deus absoluto
Babava em sua mala e chorava sem parar
Tinha lábia e fome, sabia dialogar
Mas não disse seu nome, parecia familiar
Eu vi seus olhos sorte, com toque máximo de azar
Um grande grau de morte, trazendo de outro lugar
Deus bateu em minha porta e eu abri
Trazendo a cabeça do meu filho de presente
E ele ainda chorava, como no seu nascimento
E eu me distanciava e corria do tormento
E tudo que tocava, dançava conforme o frevo
Escadas no teto, desabei nesse enfermo
Escutei a vovó, mesmo morta já faz tempo
Vômitos de sangue, acho que engoli um prego
Acho que engoli um prego
Acho que engoli um prego
Acho que engo—
Olhos do abismo, diga quem és
Pois se tu for trevas, eu cruzo os dedos
Para com essa merda, volte pro inferno
Deixe minha casa, maldito treco
Olhos do abismo, diga quem és
Pois se tu for trevas, eu cruzo os dedos
Isso não tem graça, volte pro inferno
Deixe minha casa, maldito treco