Eu sou de lá
Onde o Brasil verdeja a alma e o rio é mar
Eu sou de lá
Terra morena que amo tanto, meu Pará
Eu sou de lá
Onde as Marias são Marias pelo céu
E as Nazarés são germinadas pela fé
Que irá gravada a cada filho que nascer
Eu sou de lá
Se me permites já lhe digo quem sou eu
Filha de tribos, índia, negra, luz e breu
Marajoara, sou cabloca, assim sou eu
Eu sou de lá
Onde o Menino Deus se apressa pra chegar
Dois meses antes, já nasceu, fica por lá
Tomando chuva, se sujando de açaí
Eu sou de lá
Terra onde o outubro se desdobra sem ter fim
Onde um só dia vale a vida que eu vivi
Domingo Santo que não posso descrever
Pois há de ser mistério agora e sempre
Nenhuma explicação sabe explicar
É muito mais que ver um mar de gente
Nas ruas de Belém a festejar
É fato que a palavra não alcança
Não cabe perguntar o que ele é
O Círio ao coração do paraense
É coisa que não sei dizer
Deixa pra lá
Terá que vir
Pra ver com a alma o que o olhar não pode ver
Terá que ter
Simplicidade pra chorar sem entender
Quem sabe assim
Verá que a corda entrelaça todos nós
Sem diferenças, costurados num só nó
Amarra feita pelas mãos da Mãe de Deus
Estranho, eu sei
Juntar o santo e o pecador num mesmo céu
Puro e profano, dor e riso, livre e réu
Seja bem-vindo ao Círio de Nazaré
Pois há de ser mistério agora e sempre
Nenhuma explicação sabe explicar
É muito mais que ver um mar de gente
Nas ruas de Belém a festejar
É fato que a palavra não alcança
Não cabe perguntar o que ele é
O Círio ao coração do paraense
É coisa que não sei dizer
Pois há de ser mistério agora e sempre
Nenhuma explicação sabe explicar
É muito mais que ver um mar de gente
Nas ruas de Belém a festejar
É fato que a palavra não alcança
Não cabe perguntar o que ele é
O Círio ao coração do paraense
É coisa que não sei dizer
Deixa pra lá