No Mercado da Ribeira, há um romance de amor
Entre o André que é peixeiro e o Chico que é pescador
Sabem todos que lá vão que o André gosta do Chico
Só a mãe dele é que não consente no namorico
Quando ele passa por ele
O André sorri descarado
Porém, o Chico, à cautela
Não dá trela nem diz nada
Que a mãe do André, quando calha
Ao ver que o Chico se abeira
Por dá cá aquela palha
Faz tremer toda a ribeira
Namoram de manhãzinha e da forma mais diversa
Dois caixotes de sardinha são dois dedos de conversa
E há quem diga à boca cheia que depois de tal banzé
O Chico, de volta e meia, prega dois beijos no André
Quando ele passa por ele
O André sorri descarado
Porém, o Chico, à cautela
Não dá trela nem diz nada
Que a mãe do André, quando calha
Ao ver que o Chico se abeira
Por dá cá aquela palha
Faz tremer toda a ribeira
Em dias de mais movimento, quando o peixe se esgota
Pra não perder clientela, a mãe manda o André à lota
E ali, entre os contentores, salmão, atum e garoupa
Dá-se o André aos amores: mais Chico, menos roupa
Quando ele passa por ele
O André sorri descarado
Porém, o Chico, à cautela
Não dá trela nem diz nada
Que a mãe do André, quando calha
Ao ver que o Chico se abeira
Por dá cá aquela palha
Faz tremer toda a ribeira