Eu não vou ser o traficante vendendo na esquina
Lançando carro, me montando na farinha
Não quero uma PT 13 tiros na cintura
Eu não enquadro carro-forte no meio da rua
Não quero estrelar de assaltante de banco
Arrombando o cofre, saindo andando
Ou numa esquina com uma faca, esperando uma vitima
Vem de Vectra, me dá seu toca-fita
Ou na Blazer da polícia, rolê na madrugada
Corpo no rio, medalha na farda
Sem carro de bombeiro, cortejo ou reportagem
É caixão doado e boa viagem
Não pude ter brinquedo, sonhei com bicicleta
Prato vazio, aniversário sem festa
Antes dos 13, um pé no quebra vento
No apetite, caí pra dentro
Estrumbei o painel, filmei o movimento
Tirei nota azul na prova pra detento
Sonhava com um Taurus cano refrigerado
Na nuca de um refém, num banco, ajoelhado
Pra quem não tem um tênis, uma roupa decente
Só acredita em 13 no pente
O prego treme, dá o relógio sem reação
Em um mês eu tô de carro, ladrão
Só ilusão, que acabou com dois tiros do DSV
Na nuca do aliado que caiu de uma RD
Eu desisti do 12, 1-5-7, deixa pra lá
Meu pulso nenhum porco vai algemar
Mando um abraço pro Dum-dum, cumpriu no DACAR
A grade é uma escola: Aprendeu, não vai voltar
Pra quem vive num barraco de Madeirite
É foda o Audi a 120
Bebida de alta classe, piranha de luxo
Torrando um salário mínimo por minuto
A mente sangra, imagina o pente descarregado
Morre, boy Dá o carro, desgraçado
É dessa forma que o sistema quer que eu erre
Pra me ver desfigurado, no IML
Eu tô de tênis baleado, carteira sem dinheiro
Mas livre e vivo, e isso não tem preço
Não quero flores no meu túmulo
Nem ser o próximo defunto
Não quero flores no meu túmulo
Nem ser o próximo defunto
Não quero flores no meu túmulo
Nem ser o próximo defunto
Não quero flores no meu túmulo
Nem ser o próximo defunto
Cansei de ver fulano de terno, no palanque
Falando de saúde, educação, traficante
Abraçando criança, beijando na testa
Só porra de promessa
Visita seu barraco, cumprimenta e é o fim
Pega seu BMW e corre pros Jardins
Conseguiu o que queria pro horário político
Pobre tremulando a bandeira do partido
Aqui não vem diploma, juiz, advogado
Seu sonho vira pó, numa 12 cano serrado
Vida no esgoto, futuro brasileiro
Sem os direitos sociais, artigo sexto
Olha lá a piranha no puteiro
Olha lá o ladrão, morrendo por dinheiro
Aí boy, você não vai me ver numa cela
Nem roubando a bolsa da burguesa cadela
Não uso a droga que vocês trazem pra cá
Nem o álcool que envenena a juventude no bar
Não quero seu relógio nem seu ouro
Sei de cor a oração que protege meu corpo
Não quero amanhã tá dando fuga do DENARC
Ou abrindo sua cabeça em busca do crack
Ou no Jornal Nacional
Estrelando meu caixão de atração principal
Que Deus não ponha um oitão na minha cinta
Na hora que a fome vitimar minha família
Que eu não invada a mansão do boy, à mão armada
Aperto o gatilho, 'bum' no meio da cara
Sangue na sala, corda na empregada
Não quero ser alguém por uma vítima assassinada
Quero vencer sem latrocínio, sem furto
Não quero ser o próximo defunto
Não quero flores no meu túmulo
Nem ser o próximo defunto
Não quero flores no meu túmulo
Nem ser o próximo defunto
Não quero flores no meu túmulo
Nem ser o próximo defunto
Não quero flores no meu túmulo
Nem ser o próximo defunto