Quando as sangas dos olhos inundam
Por tormentas que chegam de surpresa
No peito se agranda a tristeza
E ficam marcas que as horas não curam
Que as horas não curam
A noite da vida cai mais cedo
E os mates com jujos de solidão
São cevados neste galpão
Onde só restam segredos
Aqui na estância que vivo
Já não conheço mais nada
A não ser a velha estrada
E a fé que nela cultivo
Pois o amanhã não se sabe
E é forte dentro de mim
A gana de chegar ao fim
Antes que meu céu desabe
Enquanto meus olhos estão inundados
Pelas mágoas que afligem os meus dias
Vou remoendo nostalgias
E anseios que trago, em meu peito, guardados
E nisso o tempo se acalma
No céu já brilha o luzeiro
Mas eu continuo caseiro
Proseando com a própria alma
Um vento sopra levando as saudades
E também tantas desilusões
Só ficam as recordações
E esta minha louca ansiedade
Pois o amanhã que eu espero
É só o que me convém
E, além de mim, mais ninguém
Vai me levar onde eu quero