Quando chega sexta-feira
Quase nunca me atrapalho
A Lua grande no céu
Me alumeia de soslaio
Banhado de água de cheiro
Me vou num rumo faceiro
Na garupa do meu baio
A botinha sanfonada
Bem lustrada do meu jeito
Lenço scavino bertussi
Rapadura junto ao peito
Bombacha estilo serrana
Completa a estampa vaqueana
De um gaúcho de respeito
Num bailongo me aprochego
Pra gastá a sola da bota
E escutá ronco de gaita
E um violão que se alvorota
Tomar um gole de vinho
Oitavado no balcão
Pra podê ganhá corage
E não fugir da situação
De dançar com aquela prenda
A quem quero dar meu coração
Ela tem flor na melena
Bem da cor da esperança
Seu cabelo tom dourado
Tem detalhe: Linda trança
E um olhar esverdeado
Que me deixou encantado
E não me sai da lembrança
Se destaca pela sala
Seu vestido floreado
Adornando sua beleza
Usa um fichú dourado
É linda a prenda que digo
Quero que viva comigo
A vida toda no costado
Talvez aceite meu convite
Pra dançar um xotezito
E eu conte meus segredos
Meus desejos mais bonitos
Talvez ela vá comigo
No romper da madrugada
Caminhando lado a lado
Num passito pela estrada
Pra me dar seu coração
E ser a minha prenda amada
Esse é o plano que carrego
Ser feliz por toda a vida
Ter piazitos pelo pátio
Sempre parceiros de lida
E co’esta linda serrana
Deixar a vida aragana
E erguer um rancho guarida
Só que tem uma morena
De olhar envenenado
Um sorriso que ilumina
Num vestidito encarnado
Que me rouba as esperanças
E me faz ter um problema
De andar tão dividido
Entre a loira e a morena
E em cada gole de vinho
Vou vivendo esse dilema