Acordei seis da manhã
Me aprontei me decidi
Enquanto eu descia as ruas
O vento batia nos meus olhos, cansados
Fiz questão de acertar o horário, dessa vez
No ônibus cheio pego a Odisséia pra ler, toda vez
Chego atrasado na aula
O rosto pálido e suado
Sento na primeira fila
E cego não enxergo o que diz o quadro
No intervalo converso com meus colegas
Sobre nada em especial
No corredor todos se vestem
Como se fosse carnaval
Mas não faz mal
Eu é que sou um tremendo rabugento
E almoço no bandejão
Avante para a próxima estação
Todo fim de semana o mesmo esquema
Domingo vou ao cinema com meu pai
Só pra discutir sobre tudo que não concordamos
E é sempre um alívio quando não brigamos
Sábado de noite ir pra Savassi
Com o intuito de madrugar
Sempre fico ansioso, corro pra algum banheiro
Só pra conseguir respirar
Eu vejo as pessoas, elas são tantas pessoas
Como esse mundo pode aguentar
Quando penso nisso temo
Que minha garganta possa fechar
sou um neúrótico