Catulo da Paixão Cearense Catulo da Paixão Cearense - Ao luar

Vê que amenidade, que serenidade
Tem a noite em meio quando em brando enleio
Vem lenir o seio de algum trovador
O luar albente que do bardo a mente
No silêncio exalta, chora tua falta
Rutilante estrela de eteral candor

Minha lira geme no concerto espreme
Que a saudade inspira, vem ouvir a lira
Que senti de lira nesta solidão!
Vem ouvir meu canto no fruir do pranto
Com que a dor orreijo, lançana de arpejo
Pelas fibras tanjo deste coração

Vem meu anjo agora recordar nesta hora
Nosso amor fanado quando eu a teu lado
Mais que aventurado por te amar vivi
Quero a fronte tua ver à luz da Lua
Resplendente e bela, descerra à janela
Que só luz só estro, só pensando em ti

Dá-me o teu conforto que este afeto é morto
Que me consagravas, quando me juravas
Quando protestavas meigo e terno amor
Veio um só momento dar ao pensamento
Mais selante/radiante imagem; depois na miragem
Deixo em tua ausência cruciar-me a dor!

Da saudade, o dardo vem ferir do bardo
O coração silente, essa dor latente
Que só na cama quente poderá findar
Mas, se ainda no peito palpitar
No leito de eterno abrigo, eis de só consigo
Sonhá-lo sem sono, poderá sonhar!