Cinzenta é a faca e a cor da louca vaidade
Que leva cartola, madame, biscate
Na busca da fama, fortuna e andor
Por isso meu canto revela vasta miséria
Presente nos vãos dos viadutos
O brilho retrata toda a aparência humana
E brinca com a massa carente, cigana
Num bolo que falta açúcar e amor
Por isso meu canto penetra na cara daquela
Parcela indecente de vagabundos
Videntes tentam prever o destino do brilho
Mas dessa proeza vem o desatino
E a violência dos homens sem lei
Na rua, viela, jardim, palácio, capela
Se mata, se enterra, se come e se reza
Com todo o brilho do trono do rei
Iluminação...
O certo é que nesse universo tão renegado
Chega o recado que mostra o valor
Força latente na voz do cantor
Que canta a magia da vida, corrida, sincera
Fogosa, sem ouro, sem prata, sem vela
Brilhante na luz do poder da visão