Pro sacrifìcio da vida
Eu nunca dobrei minha espinha
Me tapava quando podia
E só comia quando tinha
Nos tempos que eu era peão
Saltava de madrugada
Descalço com os pés no chão
Nas manhãs branca de geada
Eu nunca adulei patrão
Nunca refuguei bolada
Sempre aguentei o tirão
Na braba lida pesada
Muita vez dormi no chão
Pra fazer minhas empreitada
Gritava de ficar roco
Com o brazinu e o zebú
Nos verão era um sofoco
Lavrando de peito nu
Me lavorava no oco
Caçava muito tatu
Momento bom eram pouco
Na vida desse xiru
Arranquei doze tá de toco
Costeando o urubu caru
Grande abraço ao meu amigo
Luiz politosque, era o proprietario
Dessa terra parceiro
Descorvarei abaixada
Tora de lenha eu partia
E muita vezes num banhado
Valu de apá eu fazia
Tinha o dedo calejado
De trabalhar em olaria
E muita vez quase cansado
De batalhar em quantia
Tijolo era cortado
Dez a doze mil por dia
O patrão dessa laria
Meu amigo, meu compadre olivio torres
É a testemunha e a prova
De que aqui não tem conversa fiada
Se escreve história verdadeira sagrada
Que retrata a vida de um próprio peão